quarta-feira, 10 de setembro de 2008

o zero

eu não acredito que o sofrimento seja oportunidade para o crescimento
eu não acredito em crescimento
eu acredito no sofrimento
quem inventou os parâmetros para definir o que seja o crescimento?
não seria o crescimento o efeito de uma adaptação a algo desagradável?
não seria o sofrimento a resistência a esse algo?
ser feliz é maravilhoso. sofrer é terrível.
transformação, o que dizer da pura transformação?
não há valoração na transformação, apenas diferença.
não é melhor, não é pior.
transformar-se é transtornar-se.
quando aquilo que nos constitui é abalado de forma significativa, o que esperar?
podemos tentar remontar o que se perdeu.
podemos tentar reinventar, a partir de uma nova configuração.
podemos implodir, começar do zero algum novo plano.
mas a verdadeira marca permanece.
a certeza plena da ausência da verdade.
a violência de todo tipo de fronteira.
a morte em todos os seus possíveis aspectos.
o peso.
o pesar pelo que não é mais.
pelo que foi.
pelo que virá, e assim um dia deixará de ser.
a pura ausência de sentido.
quando as intensidades não mais provêm do interior, elas têm que ser enfiadas.
bebidas, comidas, fodidas, socadas, cuspidas, sangradas.
é preciso de mais, demais. quando tudo é muito pouco.
a morte acena, a morte encena, a morte em cena.
o espelho da verdade.
espelho do nada.
morte, a palavra que representa o nada. a realidade que significa tudo.
perder o medo de morrer é perder a razão de viver.
razão de viver? viver de razão?
por um fio.
fio forte, espero.
espero.
espero.
desespero.
desperto?
não.
não agora.

Um comentário:

Long Haired Child disse...

to acompanhando o trabalho de vocês a ums dias já
e acho fantastico!

adoraria responder na mesma linguagem, mais poeticamente mas esse teu texto me abalou, foda!

meio niilista demais mas FODA
talvez não esteja preparado pra encarar as coisas dessa forma, então por isso o estranhamento
mas vejo a enorme sensibilidade aí


boa cara
abraço