quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

DUPLO ECLIPSE OU DIVERSÃO EM DIA NUBLADO

Tampe cada um dos olhos com uma das mãos sem,
no entanto, tocar o rosto.
De forma especular com o parceiro(mão-olho),
movimente, lentamente, suas mãos de um olho
a outro olho.

sábado, 28 de novembro de 2009

Sua Beleza despretenciosa

Lá estava ele.

Um pouco tímido, levemente pálido.

Lindo.

Voce tem uma beleza singular. Despreocupada.

Voce faz minha aula ter uma outra graça. graciosidade, pra ter menos risco de parecer uma zombaria.

Pensei em te enviar um bilhete anonimo : "sabe, a sua beleza despretenciosa faz o tempo passar de uma maneira muito mais suave. anseio por encontra-lo mais uma vez."

Tem coisas que mexem tanto com meu senso estético que sinto o impeto de comunicá-las.
Não que isso seja importante pra pessoa. deve ser pra mim mesmo, acho que sinto essa vontade de extravasar.

Me sinto meio bobo de achar tanta beleza em um cofrinho.
Mas o seu nao é qualquer um. não mesmo.

Acho que é o cofrinho mais encantador que eu ja tive a sorte de encontrar.

domingo, 6 de setembro de 2009

(...)por anos caminhei pelo mundo, como quem cruza uma ponte sobre um rio, certa de que o chão firme do outro lado reconheceria meus pés como amigos, e que a ponte resistiria a minha travessia e que lá ela ficaria até o momento do meu retorno.
Mas o chão se abalou com a retidão dos meus passos e a ponte desmoronou com as minha certezas.

Quem irá perceber as cores e os cheiros das pessoas que não existiam, mas estavam lá?

Como ver tudo azul se nos pedem para pensar em cinza?

Como? Se permanecemos com os olhos criteriosamente vestidos de preto-luto ou branco-casto?


De repente meus olhos só vêem igualdade, em uma democracia colorida, um certo abandonar-de-si emerge, como uma expressão involuntária de inocência.

(...)e eu percebi que o mundo não tinha molde, parecia ter saído de uma caixa mágica( ou seriam várias caixas?)e que tudo, tudo mesmo podia acontecer... inclusive porra nenhuma... e isto sim era um acontecimento!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

think!

WHATAREYOUTHINK?WHATAREYOUTHINK?WHATAREYOUTHINK?WHATAREYOUTHINK?WHATAREYOUTHINK?WHATAREYOUTHINK?WHATAREYOUTHINK?WHATAREYOUTHINK?WHATAREYOUTHINK?WHATAREYOUTHINK?WHATAREYOUTHINK? WHATAREYOUTHINK?
WHATAREYOUTHINK? WHATAREYOUTHINK?

WHAT ARE YOU?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

"Falamos a sua língua mas não entendemos seu sermão"

Um jovem olha para o pai e pede perdão, o pai lhe diz complacente "errar é humano, está perdoado."

Mascando chiclete no peitoril da janela e sorrindo bobamente para vista, pensava: errar é de direito e humano, logo posso fazê-lo com certa constância.
Ignorando a ignorância explicita na frase...

Pulou.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Sessao da Tarde

- Que filme voce gostaria de viver, filho?

Disse uma vez uma mãe para entreter seu filho. que a perturbava com sua inquietude e movimentos aleatorios de um lado para o outro. enquanto ela se esforçava pra realizar suas compras.

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[E voce?

Qual superproduçao voce escolheria?

Qual personagem voce seria?

Quem seriam os outros personagens da trama?

Qual final escolheria?]
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Após segundos olhando fixamente para os movimentos labiais e o som nervoso que parecera ouvir sair de sua Mãe.

De certa forma nem ouvira. de certa forma nem falara.

Ele Volta a si.
com pensamento fértil e desordenado. dirigia seu próprio filme entre selvas e monstros e marcas em prateleiras em pessoas. armava seu exercito de confeitos imaginarios e insignificantes. Corria de plantas vitaminadamente medonhas e maternalmente saudáveis.
voava por cima disso tudo. Parava. Pairava. Esquecia.

E... Vive um outro desconexo e relapso sabe-se lá o que.

Incomoda sem notar a ordem da lista de sua mae. Pisa no pé de um outro comprador aflito por nao achar a sessão desejada.

Inventa uma vida-Tempo. que jamais uma camera de segurança conseguira(á) capturar. que jamais ousarao produzir ou dirigir. e falharao ao tentar descrever.

A alegria de inventar alegria sem se dar conta...


Tudo isso tambem sem culpa ou memória.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Fábula do escopo?

Num belo dia de sol um Animal de um lugarejo desertico qualquer gostaria de transformar sua vida em fábula.

[Talvez pra ser menos sozinho. ver alguns despropósitos. conhecer e desconhecer a si mesmo. sentir cores inexistentes.
Sair de sua (Instintiva) rotina.

Só que ele resolveu fazer ao contrário.]

Resolveu que escreveria um humano sem moral durante ou no final.

[Por ter distraido em fabular e imaginar cousas que nao eram desse mundo. ou de qualquer outro. Antes que ele pudesse por no papel. ou na areia que fosse. foi morto e comido por um predador qualquer.]

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Era uma vez...

...fui visitar minha avó e voltei para casa de ônibus, banal não? Em todo caso eu acredito que são das situações banais que surgem as maiores revoluções (em mim ao menos...).

Visita corriqueira, entrei, lanchei, saí, fui recebida com lágrimas e a na saída fui brindada com benções.

Havia uns cinco anos que não via a velha, fomos visita-la apenas para apresentar meu sobrinho a ela, ao ver a linda-família-estruturada-comercial-de-margarina da minha irmã, a matriarca resolveu se dirigir a mim e perguntar: “e você minha filha quando vai casar e me dar mais um bisnetinho ?”

O que se seguiu foi uma série de desculpas pré-programadas para situações como estas, para intromissões familiares, “blá blá blá... tenho que terminar a faculdade, nhé nhé nhé... tenho muita vida para viver antes de casar...”.

Eu poderia ter dito simplesmente a verdade, dizer que apesar de estar em um relacionamento estável acerca de sete meses, dificilmente me casaria, (ao menos não nas concepções católicas da minha avó) e que seria praticamente impossível para mim dar a ela mais um bisneto, por um motivo simples, porque sou homossexual.

A justificativa excusa veio a minha mente espontaneamente como se fosse fruto de dias de reflexão, mas não foi por outra coisa que não respeito (confesso que no momento ainda irrefletido) que não ofereci a mãe do meu pai, a pureza da verdade.

Respeito à sua idade, a sua geração, aos seus convencionalismos, foi por respeito as suas verdades que não expuz a minha verdade, reconheci que derrepente esta de certa maneira poderia agredi-la.

Como não havia porque querer isto, me calei, não iria ganhar muita coisa com o embate, com a relação belicosa das verdades...

E derrepente cai em mim...

Eu que guiada pelos livros da minha estante a tempos gritava que os encontros, que os esbarrões, que o desconcerto, que a dúvida instaurada pelo esboreamento de uma verdade suposta universal era a força motriz de mudanças, a própria revolução, molar ou molecular, o ínicio era dúvida, não a dúvida que mata, que mortifica a verdade do outro, mas dúvida que multiplica.

Não era o caso. Preferi não revolucionar. Por sentimentalismo talvez, como respeito, como havia dito antes, senti que apontava facas para os meus queridos livros da estante, que lacerava os meus franceses barbudos.

Opa...será que fui corrompida pela loucura paradoxal da classe média? Certamente e sem sombra de dúvida não há como afirmar que tenho certeza de nada.

Disso eu estou certa!

sábado, 3 de janeiro de 2009

Entre um seriado e outro eu penso...

Que fuga derradeira é esta que executamos com tanta maestria pelas esquinas e que insistimos em chamar de vida?

Mudos como a morte perigrinamos infatigáveis, passando por alturas que não vemos e tomamos como planícies assim como nossas supremas certezas, retas e lineares, atravessamos cegos, buscando nos desconhecer, gritando "SIM" para todos os cruzamentos(ansiando a colisão, daquelas que não deixa nem rastro), ignorandos as pontes.

Não tem solução, é como destes quadros tortos na parede que ficamos compulsivamente tentando indireitar( pensamos: a culpa é do gancho, do prego, do martelo, da parede, a culpa é do quarto...) mas se alinharmos a moldura é a gravura que fica torta.