quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Quadradinhos!

Bem, acabo de chegar de uma 'palestra' sobre quadrinhos, roteiros adaptados para quadrinhos da literatura, pro cinema, etc. Infelizmente [ou felizmente] não foi tão boa assim. na verdade até foi, mas passei maior parte do tempo angustiado [que me faz estar escrevendo] com as abobrinhas que se falava por lá. Claro! tiveram muitas coisas que eu não fazia ideia sobre o mercado de quadrinhos e os bastidores da produçao que foram muito interessantes.

Tinhamos lá uma porçao de nomes que nunca tinha ouvido falar: Lobo, Arnaldo Branco, Carlos Patati, João Calvet, Leandro Assis, Hiroshi Moeda. [Bem, já faz tempo também que a pop'ularidade de um artista nao diz mais respeito a qualidade da sua obra. ninguem melhor que sua obra pra falar do artista]. Claro que eu nao sou nenhum ratao de quadrinhos, nem super cartunista ou roteirista, sei pouco desenhar. Mas sempre que posso leio alguma coisa boa que amigos emprestam[inenarravel Neil Gaiman], sem contar as coleçoes que eu tinha quando era muleque por torrar dinheiro [pelo menos essa é a visao que nossos pais fazem questao de incutir com relaçao a compra de Arte] do lanche com revistas.

Com o tempo cada um foi falando um pouco dos seus trabalhos, que em geral giravam em torno do assunto citado lá em cima [literatura pro quadrinho, quadrinho pro cinema, vice-versa].

Depois começaram as falaçoes. o que falava as coisas mais coerentes e interessantes era o Carlos Patati. e o premio 'abacaxi' foi pro Calvet![ele era Brilhante!]

Cito os dois em extremos opostos, pq felizmente o Patati contradizia [quase] tudo que o Calvet falava e fazia ele passar algumas vergonhas.
Como por exemplo, quando ele começou a falar que o prazo pra criaçao de qualquer projeto tem que ser na pressao, pq senao nao sai. subentendendo-se que artista é tudo preguiçoso e enrolão!

Me perguntei se esse cara já Criou algo de fato... e ja sentiu o que era querer trabalhar em uma criação e não ter o tempo folgado pra se dedicar a esse ato. se sentiu o que é ter que publicar, apresentar uma obra 'incompleta', contra a vontade do criador.

Felizmente nessa primeira afirmativa ele foi quase executado.[ainda bem]

Mas além disso, os egoicos participantes, que deviam estar com o culhao dando nó por nao estarem como estrela da noite, começaram a mostrar a cara e nao podia dar em outra coisa que nao em merda.[desculpem o preconceito, mas foi ridiculo]

E então, começaram a falar sobre a ausencia de 'capacitaçao' dos artistas brasileiros, que em sua maioria sao mediocres. que aqui, deveria ser que nem os estados unidos, com curso de especializaçao na porra toda.. onde qq merda vira curso de especializaçao [foda, qdo começa com essas comparaçoes impossiveis, só pode dar em impossivel]

Nessa hora o papo se perdeu por ai, fiquei muito angustiado por nao ter conseguido falar. pois estavam todos brigando bravamente pra dar a resposta do porque que nao se faz ARTE [em maiuscula] no Brasil. mas acho que eles nem tavam muito afim de se ouvir nao, quem dirá de construir uma resposta. No final nao ia fazer muita diferença se eu falasse.

Mas fiquei pasmo como antes de chegar até ai as pessoas queriam colocar parametros de mercado pra girar ao redor do ato criativo. e depois entram em um impasse sobre não existirem artistas competentes, justificados simplesmente pela mediocridade do publico leitor[consumidor] e que os artistas 'criam' pra esse público.

[nessa hora lembro de muitos conhecidos que saíram de um possível caminho artístico -seja qual for - para se adequar a um mercado de trabalho que os pais obrigaram ou acabaram vendo a construção de suas inclinações como idealismo utópico. Aposto que naquela sala muitos conhecem alguém que já passou por isso e se enquadrariam ou se enquadrarão nessa situação!]

E continuo a me perguntar se pode haver um público leitor sem que antes haja espaço prum corpo de criadores e, nao sei se fundamentalmente, que isso tudo seja valorizado socialmente? E quem PRODUZ, é o artista ou o PRODUTOR [cultural?] ?

Ai entraram várias outras perguntas na minha cabeça: qual é a classe ou de onde veio a maioria daquela plateia e daqueles artistas ali? como foi o processo de 'desenvolvimento' das habilidades deles e quem os possibilitou? eles nasceram genios, com 3 anos ja desenhavam um homem vitruviano ou entao escreviam roteiros de quadrinhos sobre suas aventuras de fraldas? eles criam por dinheiro ou por que precisam criar[independente da grana]? dá pra Criar e ganhar dinheiro? dá pra viver de criar arte própria? dá pra não seguir formulas de sucesso? dá pra apostar no novo?

E são as perguntas que eu deixo pra voces, pois nao fui capaz de faze-las...

Nenhum comentário: